ATA DA SEPTUAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 03.9.1993.
Aos três dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Septuagésima Primeira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às nove horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da Septuagésima Sessão Ordinária e da Décima Primeira Sessão Solene, que foram aprovadas. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios: 541/93, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, 03/93, da Assessoria Técnica Parlamentar desta Casa, 12/93, da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 67/93, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, 745/93, da Casa Civil para Assuntos Administrativos do Estado, 2289/93, da Assessoria Parlamentar do Ministério da Fazenda; Telegramas do Senador Mauro Benevides e do Senhor Jorge Gerdau Johannpeter. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Antonio Hohlfeldt, 02 Pedidos de Providências e 01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 49/93 (Processo nº 1814/93); pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 114/93 (Processo nº 2211/93); pelo Vereador Décio Schauren, 01 Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 79/93 (Processo nº 2009/93) e 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 110/93 (Processo nº 2165/93); pelo Vereador E1iseu Santos, 01 Pedido de Providências e 01 Pedido de Informações nº 135/93 (Processo nº 2254/93); pelo Vereador Eloi Guimarães, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Guilherme Barbosa, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 113/93 (Processo nº 2200/93), pela Vereadora Helena Bonumá, 01 Projeto de Resolução nº 25/93 (Processo nº 2157/93) e 02 Substitutivos aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 24 e 61/93 (Processos nºs 708 e 1300/93); pelo Vereador João Dib 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Jocelin Azambuja, 01 Emenda nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 103/93 (Processo nº 2036/93). Ainda, foi apregoado Projeto de Resolução, da Mesa, de nº 26/93 (Processo nº 2256/93). A seguir, o Senhor Presidente comunicou que o representante do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato, não se encontrava presente para ocupar o espaço da Tribuna Popular nesta Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib referiu-se sobre opinião do Vereador Miguel Colassuno, de São Paulo, a respeito do PT, tecendo comentários acerca da entrega de habitações pelo Departamento Municipal de Habitação nesta Capital. Informou, ainda, que esse Departamento forneceu um documento mal-impresso aos contemplados, sugerindo que Comissão de Defesa do Consumidor convoque Diretor Geral do DEMHAB para esclarecer essa violência aos moradores daquele núcleo. Falou, também, acerca do recolhimento do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira, IPMF, sobre movimentações financeiras do Executivo Municipal que resulta em dois milhões de dólares, questionando sobre a receita e a despesa daquele Poder. O Vereador Jocelin Azambuja referiu-se sobre a homenagem à Independência do Brasil, falando sobre a necessidade de reverenciar os símbolos, o hino e a bandeira nacional. Propugnou pelo cumprimento de Lei de autoria do Vereador Luiz Braz, que estabelece a execução do Hino Nacional nas escolas municipais, criticando atitude do Secretário Municipal de Educação em não exigir dos estabelecimentos de ensino esse cumprimento. Disse, também, que os símbolos nacionais não podem estar à esquerda da Mesa, como nesta Casa, mas à direita. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 98 e 103/93, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 28/93 e o Projeto de Lei do Executivo nº 63/93; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 51/93, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/93 e o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 76/93; em 3ª Sessão os Projetos de Lei do Legislativo nºs 100 e 107/93. Em continuidade, o Senhor Presidente comunicou haver, hoje, homenagem destinada a assinalar a data da Independência do Brasil, nos termos do Requerimento nº 102/93 (Processo nº 1044/93) de autoria do Vereador João Dib, informando que integrava a Mesa dos trabalhos o Senhor Antônio Carlos Ferreira de Melo, Presidente da Liga de Defesa Nacional. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Vereadores para se pronunciarem acerca da homenagem. O Vereador Pedro Américo Leal, pelas Bancadas do PPR, PFL, PDT e PPS, discorreu sobre a importância da Semana da Pátria, comentando a falta de civismo e de comemorações nessa data. Disse não importar onde foi dado o grito da Independência, afirmando ser importante cultuar esse acontecimento. Relatou fatos ocorridos com Dom Pedro I. O Vereador Décio Schauren disse que atualmente fica difícil comemorar a Independência do Brasil, discorrendo sobre a atuação e o “impeachment” do ex-Presidente Fernando Collor de Mello e sobre os casos de violência que vem ocorrendo em todo País. Lembrou que cada vez mais estão nas mãos de Bancos Internacionais nossas riquezas, questionando sobre a possibilidade de crescimento econômico com o pagamento da dívida externa. Declarou que para ser uma grande Nação, o Brasil precisa crescer com base no patriotismo dos cidadãos e não com o atrelamento ao capital internacional. A Vereadora Clênia Maranhão salientou que a motivação do povo brasileiro na luta pela Independência foi a busca de relações igualitárias com outros povos, dizendo que o ideal da independência nacional ainda não foi concretizado. Nesse sentido, lembrou movimentos hoje em andamento por esse ideal, tais como os que buscam a preservação da biodiversidade, a destruição dos monopólios, a parada do processo de privatização e o concreto desenvolvimento econômico nacional. O Vereador Jocelin Azambuja disse que a independência do Brasil ainda não foi plenamente atingida, visto que não assumimos a responsabilidade de busca dos verdadeiros interesses nacionais. Atentou para a necessidade de que a juventude seja ensinada a amar a Pátria e a cultuar seus símbolos e hinos, declarando que a luta pela independência passa pela educação e que só através do patriotismo, do amor pelo Brasil, poderemos chegar a ser respeitados como cidadãos integrantes de uma Nação soberana. A Vereadora Maria do Rosário referiu-se às homenagens relativas à Independência do Brasil, lembrando o pluralismo contido na palavra “pátria” que, mais do que um governo, reporta-se a um povo unido por um chão, por uma língua, por costumes, por conflitos e amores. Criticou a atuação do Governo Federal e das elites dirigentes do País, falando sobre o processo de privatização hoje em andamento e classificando a revisão constitucional como tentativa de adequar a ordem jurídica aos interesse econômicos internacionais. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Antônio Carlos Ferreira de Melo que discorreu sobe a crise observada no País, lembrando a constituição, no início do século, por um grupo de cidadãos liderados por Olavo Bilac e Rui Barbosa, de uma sociedade civil com preocupações básicas de defesa das verdades nacionais e da formação cívica do nosso povo. Ainda, falou sobre a importância da afirmação da crença no País em que vivemos, para que o mesmo possa permanecer nas mãos dos brasileiros, servindo de veículo para a realização plena de todos cidadãos. Em continuidade, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e suspendendo a Sessão às dez horas e vinte e três minutos, nos termos do artigo 143, II do Regimento Interno. Às dez horas e vinte e oito minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente reabriu a Sessão, iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 44/91, por vinte e cinco votos SIM, após ter sido discutido pelo Vereador Antonio Hohlfeldt e encaminhado à votação pelo Vereador Nereu D’Ávila, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Gerson Almeida e Wilton Araújo. Ainda com relação ao Projeto supra citado, foi aprovada a Emenda nº 01. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 54/92 e a Mensagem Retificativa a ele aposta. Em Discussão Geral e Votação, o Projeto de Lei do Legislativo nº 05/93 teve sua discussão adiada por duas Sessões a Requerimento aprovado do Vereador João Verle. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 34/93 e o Projeto de Lei do Legis1ativo nº 67/93, este discutido pelo Vereador Lauro Hagemann. Foram, ainda, aprovados os seguintes Requerimentos, de solicitação de dispensa de distribuição e interstício para a Redação Final dos Projetos em questão, considerando-as aprovadas nesta data: do Vereador João Verle relativo ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 44/91 e aos Projeto de Lei do Executivo nºs 54/92 e 34/93, do Vereador Jocelin Azambuja relativo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 67/93. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Artur Zanella, de Voto de Congratulações com os componentes de relação anexa ao Requerimento por terem sido eleitos para a diretoria do Conselho Sul-Americano de Comissões e de Círculos de Pais e Mestres; do Vereador Eliseu Santos de Voto de Congratulações com a Senhora Odelta Ramires de Quadros - Presidenta do Conselho Regional de Nutricionistas, pela passagem do Dia do Nutricionista; do Vereador Gerson Almeida solicitando Moção de Solidariedade à Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, ao Sindicato dos Bancários de Porto Alegre, ao Comando Nacional de Funcionários do Meridional pela luta contra a privatização do Banco Meridional; do Vereador Jocelin Azambuja, de Voto de Congratulações com a Associação dos Repórteres Fotográticos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul, pela realização do X Encontro Nacional dos Repórteres Fotográficos; da Vereadora Maria do Rosário solicitando seja realizada Sessão Solene no dia 05 de outubro em homenagem aos quarenta anos da Petrobrás; do Vereador Nereu D’Ávila: solicitando seja convidado a comparecer à Casa o Senhor José Luiz Viana Moraes, Secretário Municipal da Produção, da Indústria e do Comércio para prestar informações quanto à questão dos traillers, e solicitando Renovação de Votação do Projeto de Lei do Executivo nº 17/93, com base no artigo 196 do Regimento Interno; do Vereador Wilton Araújo, solicitando seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, Finanças e Orçamento, e, Urbanização, Transportes e Habitação o Projeto de Lei do Executivo nº 63/93. Foi aprovado, ainda, Requerimento da Vereadora Maria do Rosário solicitando seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Constituição e Justiça e Educação e Cultura o Projeto de Lei do Legislativo nº 100/93. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário relatou, em seu nome e no nome dos Vereadores Pedro Ruas e Fernando Zachia, o III Congresso de Vereadores de Brasília, onde foram discutidos temas de interesse, tais como o planejamento urbano e a revisão constitucional. Classificou o debate relativo à revisão constitucional como o mais importante do encontro, tendo sido subscrita uma moção contra tal revisão, por se entender ser mais necessária uma concreta regulamentação da Constituição Federal hoje vigente. Destacou ter a delegação desta Casa participado com uma proposta de Moção contra a privatização do Banco Meridional, a qual foi aprovada. Ainda, declarou ter acompanhado os trabalhos da Comissão que tratou da prostituição infantil, trazendo importante material a esse respeito. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Antonio Hohlfeldt discorreu sobre denúncias formuladas anteriormente, de uso, por empresas privadas, dos serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, EBCT, sem que ocorresse a de vida compensação financeira. Falou sobre esclarecimentos a respeito feitos pelo Diretor da EBCT, comentando reclamações recebidas de usuários dessa instituição, em especial no referente à agilidade do atendimento oferecido à comunidade. Ainda, congratulou-se com o Diretor da EBCT, pela separação efetuada nos serviços oferecidos por sua sede central. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, no plenário, da ex-Vereadora Ana Godoy. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador José Gomes disse não possuírmos, atualmente, muitas razões para comemorar a independência do Brasil, lembrando as chacinas verificadas no País durante o mês de agosto. Falou de acusações efetuadas pelo Vereador Pedro Américo Leal, na televisão, de que o PT seria porta-voz de uma campanha visando a desmoralização e desestruturação da Polícia Militar. Refutou tais acusações, declarando buscar o seu Partido uma mudança estrutural e ideológica nessa instituição e analisando o papel desempenhado pelos militares junto à sociedade brasileira. O Vereador Gerson Almeida anunciou que levará, hoje, ao Procurador Geral de Justiça do Rio Grande do Sul, denúncia de utilização indevida de telefones administrativos da Companhia Riograndense de Telecomunicações, CRT, por três funcionários do primeiro escalão do Governo Estadual. Ressaltou que estas denúncias foram investigadas e confirmadas, declarando esperar que ocorra o necessário ressarcimento aos cofres públicos estaduais. O Vereador Divo do Canto teceu comentários sobre a revisão constitucional prevista para outubro deste ano, declarando-se preocupado, tendo em vista que, face aos protestos observados contra essa revisão, podem não ocorrer as necessárias discussões sobre o assunto. Destacou que tal acabaria por prejudicar a classe trabalhadora, porque os grupos mais conservadores já possuem bem delineados seus objetivos e pontos de vista. Disse, também, que a atual Constituição não está recebendo a devida fiscalização da sociedade, ocorrendo o descumprimento de direitos adquiridos pelos brasileiros em mil novecentos e oitenta e oito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal declarou estar sendo desencadeado pelo PT, tendo à frente o Vereador José Gomes, um plano para destruir as polícias militares no País, dizendo que o Vice-Prefeito Raul Pont possui um projeto aprovado visando o fim dessas instituições. Teceu comentários sobre fita divulgada pela imprensa, relativa a treinos efetuados por tropas militares, salientando que a mesma se refere a treinos feitos com policiais especializados que, face a suas atividades peculiares, também necessitam de um treinamento específico. Lamentou atitude do Governador Alceu Collares frente ao assunto. O Vereador José Gomes reportou-se ao pronunciamento do Vereador Pedro Américo Leal, em que este Vereador declara que a divulgação, pela imprensa, de fita relativa a treinos militares integra um plano do PT para término da Polícia Militar. Disse que, contrariamente ao dito por aquele Vereador, o treinamento referido não se destina apenas a tropas especializadas. Defendeu o retorno dos policias para as ruas da Cidade, com um treinamento positivo e realmente voltado para esse objetivo. Finalizando, criticou a falta de controle que possuiria atualmente o Governador Alceu Collares com relação à Brigada Militar. Após, o Senhor Presidente registrou a presença, no Plenário, do Vereador pedetista Jacir Jacinto Coelho. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Dilamar Machado reportou-se ao pronunciamento do Vereador José Gomes, acerca da Brigada Militar, falando das críticas constantes que vem sendo efetuadas por esse Vereador contra a instituição anteriormente por ele integrada. Solicitou do Vereador José Gomes que, mais do que apenas denúncias, as quais classificou como sendo por vezes bastante “medíocres”, traga para a Casa e defenda um plano real de segurança pública para a Cidade de Porto Alegre. Em EXPLICAÇÃO PESSOAL, o Vereador Jocelin Azambuja agradeceu ao Vereador Artur Zanella as congratulações recebidas por sua eleição para Presidente do Conselho Sul-Americano de Comissões e Círculos de Pais e Mestres, fazendo um relato do 4º Encontro Internacional realizado por esta Entidade, o qual contou com a participação de mais de mil delegados. Ainda, comentou o trabalho que vem sendo realizado por esse Conselho, em especial no referente à busca da integração lingüística da América do Sul. Nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às onze horas e cinqüenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton Araújo e Luiz Braz e secretariados pelos Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão e Luiz Braz, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Airto Ferronato, lº Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Wilton Araújo): Havendo número regimental, declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão.
A Mesa comunica ao Plenário o recebimento da
seguinte proposição: Projeto de Resolução, da Mesa, de n.º 26/93 (Proc. n.º
2256/93).
Neste momento, nós, de acordo com o art. 100, da
Lei Orgânica, teríamos a Tribuna Popular. No entanto, nossos convidados de hoje
não se fizeram presentes até o momento.
Liderança com o PPR. Com a palavra, o Ver. João
Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver. Miguel Colassuono, em São
Paulo, disse que o PT é um partido que não gosta dos trabalhadores, ao mesmo
tempo que odeia os ricos e ao mesmo tempo que vive com os ricos. Está
absolutamente certo o PT. Quer ser rico, quer viver como rico e essa definição
se enquadra perfeitamente: não gosta dos trabalhadores e odeia os ricos.
Senhor Presidente, tenho, aqui, um documento, que
farei a entrega posteriormente. O DEMHAB entregou, no Núcleo Esperança, no
Bairro Restinga, no dia 22 de dezembro de 1992, casas - se é que assim podem
ser chamadas - com 16,64m² e está com um documento para que os moradores
atingidos pelo benefício assinem. Mas isso é o que a Defesa do Consumidor não
aceita. Um documento quilométrico, mal-impresso e que tem que se ter olhos
muito bons e lente para lê-lo e cobertura para poder entendê-lo. Mas, também
não precisa entender muita coisa, porque esses 16,64m² de área malconstruída
entra água, não protegem do vento, não têm condições de uma habitação saudável,
decente e digna e estão sendo cobrados, num prazo de 20 anos, inicialmente, 3
mil cruzeiros reais e mensais. E aqui os moradores juntam cópia da Zero Hora,
do dia 29 de agosto, onde mostra que na Restinga vendem-se, por 500 e 600 mil
cruzeiros reais, habitações com grades, até, na frente dos terrenos, em muito
melhores condições.
Acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o
Conselho de Defesa do Consumidor deve convocar, imediatamente, o Diretor do
DEMHAB, para que esclareça esta violência com os moradores do Bairro Esperança,
que não deve ter nenhuma esperança com esta Administração, que não gosta dos
trabalhadores, odeia os ricos e não ajuda ninguém.
E, por falar nisso, hoje, o Prefeito estava dizendo
que só o IPMF não sendo pago resulta em 2 milhões de dólares de economia, para
o erário municipal. Se 2 milhões de dólares são 0,25% da receita leva-nos a
crer que a receita é de 800 milhões de dólares, ou seja, 80 bilhões de
cruzeiros reais, que nós ainda não tomamos conhecimento, porque não nos
explicam nada a respeito de receita, de despesa. Mas continuam não gostando dos
trabalhadores e odiando os ricos, isto está provado aqui. Podem ver as leis que
aprovamos aqui, senão pretendem tirar de quem eles pensam que tem, mas que
também não tem às vezes. Porque têm pessoas morando em casas boas, resultando
de um trabalho de 30 ou 40 anos que não podem pagar o IPTU, e a Administração
desta Cidade diz àquelas pessoas que ali viveram uma vida toda, onde os filhos
nasceram, onde o casal com amor construiu aquilo, só falta dizer mude-se, vai
morar embaixo da ponte.
Ora, se ao longo dos anos, querem fazer justiça
agora com o IPTU, porque não respeitar aqueles que não podem pagar.
É, portanto, odiar aqueles que vivem relativamente
bem dentro da sua casa, mas que, provavelmente, não tenham remédios
necessários, a comida necessária, e as roupas necessárias. Mas a Administração
da Prefeitura diz: mude-se.
E, neste caso, gostaria que a Comissão de Defesa do
Consumidor chamasse, imediatamente, o Diretor do DEMHAB, porque isto aqui é um
saque contra a população menos favorecida.
E o Ver. Dilamar Machado, que foi o Diretor-Geral
do DEMHAB, sabe, e muito bem, que as obras do DEMHAB não são feitas para ter
lucro e sim para beneficiar a população menos aquinhoada. Essa é toda a
história do DEMHAB, até a administração atual da Prefeitura, do Sr. Olívio
Dutra e da atual do Sr. Tarso Genro. Até então o DEMHAB servia à comunidade, lá
está também o Ver. Zanella que pode dizer a mesma coisa, hoje, o DEMHAB se
serve da coletividade menos aquinhoada desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Liderança com o PTB. Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje nós estaremos
prestando uma homenagem para cultuar a Independência do Brasil. E nesta semana
que reverenciamos os nossos símbolos, reverenciamos essa conquista do povo
brasileiro de independência, nós temos que fazer, em primeiro lugar, uma
cobrança a nível da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, ao
descumprimento a Lei de autoria do Ver. Luiz Braz, que estabelece que o Hino
Nacional deve ser cantado em todas as escolas municipais semanalmente. E isto não
vem sendo cumprido. E nos parece que é um profundo desrespeito. Em primeiro
lugar, à Legislação, mas, em segundo lugar, até a nossa formação de cidadania.
Nós cultuamos e fazemos a nossa juventude cultuar o hino norte-americano, o
hino francês, os hinos internacionais, fazemos a nossa juventude e os nossos
filhos andarem com símbolos das bandeiras norte-americanas, francesas, italiana
e outras bandeiras. Fazemos homenagens a todos os Países que vieram a este
grande País e, simplesmente, deixamos de estimular e fazer com que os nossos
filhos cultuem as nossas coisas e, em especial, que cultuem o amor a nossa
Pátria e ao nosso hino. É uma vergonha quando se vai em solenidades nós vermos
que as pessoas não sabem cantar o hino do nosso País. É uma vergonha se assistir
nas solenidades, em todos os locais deste País, as pessoas não saberem nem
dispor dos símbolos nacionais, nem saberem onde se coloca os símbolos
nacionais. Então, o Hino Nacional Brasileiro, que é maravilhoso, eu me
acostumei cantando semanalmente na minha escola, estudava na Nonoai, Escola
Estadual Vitor de Brito, a cantar o Hino Nacional, a cultuar os símbolos da
nossa Pátria.
Então, quero cobrar de forma veemente do Sr.
Secretário Municipal de Educação, na semana da nossa Independência, na semana
da comemoração das festividades nacionais maiores do nosso País, que o
Município de Porto Alegre respeite a legislação, e que o Secretário Municipal
de Educação passe a cumprir a lei, que seja determinado em todas as escolas
municipais que seja cantado o nosso Hino Nacional. Para que as nossas crianças
não passem o vexame, que se aprecia nas solenidades, de uns cantarem o Hino
para um lado e outros para o outro lado, ninguém sabe cantar direito, é uma
vergonha para todos nós! Que as nossas crianças de Porto Alegre aprendam o
nosso Hino. E para, ainda, estimular mais esse sentimento, entramos com um
projeto nesta Casa para que também nas escolas, em todas as solenidades que
cantarem o Hino Nacional, que se cante também o nosso Hino Municipal, o Hino de
Porto Alegre. Quem conhece o Hino de Porto Alegre? Porto Alegre Valerosa, de
Breno Olinto Outeral, oficializado pelo Decreto 8.451, de 84, do Secretário de
Educação, então, Mano José, que foi também Vereador desta Casa. Vejam, que
Porto Alegre também tem o seu Hino que ninguém conhece, porque em nenhum lugar
é tocado! Eu, aqui, na Câmara, nunca vi tocar o Hino, nunca vi cantar o Hino,
não conheço o Hino e eu acho que é uma vergonha para todos nós. Precisamos,
então, fazer com que os nossos munícipes conheçam o nosso Hino e por um
processo de educação natural que nas nossas escolas municipais, pelo menos, se
conheça o Hino de Porto Alegre, se conheça esta realidade.
Mas, precisaríamos, então, é fazer com que, em
primeiro lugar, se tenha orgulho de cantar o nosso Hino Nacional, se conheça e
se cante o nosso Hino Municipal. Que as nossas crianças, nas nossas escolas
municipais, tenham esse processo de formação de cidadania, tenham esse processo
de educação fundado também no respeito aos nossos hinos, aos nossos símbolos.
Entendemos isso ser fundamental, hoje, e, aqui, fazemos o nosso protesto
veemente contra o Secretário Municipal de Educação que, desde que assumiu esse
cargo não tomou nenhuma providência no sentido de ver cumpridas as leis que
vigem hoje no Município de Porto Alegre em relação ao nosso Hino Nacional.
Fica este nosso protesto ao Secretário Municipal de
Educação e esse pedido aos colegas Vereadores para que nos mobilizemos no
sentido de transmitir isso a nossa juventude e para que ela realmente tenha orgulho
deste País e dos seus símbolos. E gostaria de corrigir uma falha que existe
neste Plenário: os símbolos nacionais não podem estar à esquerda da Mesa, mas à
direita. Pediria então que assim os colocassem e porque vamos fazer uma
cerimônia em homenageando a Independência, e inclusive diz o art. 19: “A
Bandeira Nacional em todas as apresentações no território nacional ocupa lugar
de honra, compreendido como posição à direita da tribuna, mesas de reunião ou
de trabalho”.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARTUR
ZANELLA (Questão de Ordem): O artigo pertinente do Regimento Interno.
Queria, Sr. Presidente, em face da informação do Ver. Jocelin, que a Mesa nos
informasse se foi aprovado um projeto há muitos anos aqui que instituiu um
concurso para a instituição do Hino de Porto Alegre, eis que um projeto que
oficializava o hino, do Ver. João Dib, foi recusado por esta Casa. Então, há um
projeto que determina a realização de um concurso público para o Hino de Porto
Alegre.
O SR.
PRESIDENTE: Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO
PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2036/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 103/93, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que estabelece
penalidade aos estabelecimentos comerciais que venderem ou servirem bebidas
alcoólicas a crianças ou adolescentes menores de idade e dá outras
providências.
PROC. 2119/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO N.º 28/93, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que cria o
Conselho Municipal de Desportos de Porto Alegre.
PROC. 1920/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 98/93¸ do Ver. Wilton Araújo, que concede o título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Conferencista Espírita Senhor Divaldo
Pereira Franco.
PROC. 2294/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N.º 63/93, que autoriza o Executivo Municipal a abrir créditos
suplementares no valor de Cr$ 20.000.000,00 e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 2032/93 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO EXECUTIVO N.º 04/93, que modifica a Unidade Territorial Residencial 31 e
cria a Unidade Territorial Residencial 32 na Unidade Territorial Seccional
Intensiva 15 do Primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e dá outras
providências.
PROC. 1816/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N.º 51/93, que autoriza a alienação de imóveis do patrimônio Municipal,
localizado na Av. Jerônimo de Ornellas, à sucessão de Paulo Edgar Ely, e dá
outras providências.
PROC. 1500/93 - SUBSTITUTIVO N.º 01¸ de
autoria do Ver. João Dib, ao PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO N.º 76/93, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que
denomina Rua Comendador Claudius Zaluski um logradouro público localizado no
Loteamento Vila Safira.
3ª SESSÃO
PROC. 1979/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 100/93, do Ver. Raul Carrion, que concede o título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Euzébio Rocha Filho.
PROC. 2060/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 107/93, do Ver. Pedro Américo Leal, que autoriza a
instituição, no âmbito do Município, do Centro de Apoio Integrado - CAI.
O SR.
PRESIDENTE: Não há oradores inscritos para discutir a Pauta.
Passamos ao período solene desta Sessão de hoje,
destinado a assinalar a data da Independência do País, nos termos do
Requerimento n.º 102, de autoria do Ver. João Dib.
Foi aprovado por unanimidade desta Casa.
Para este momento solene da Sessão, nós convidamos
a participar da Mesa o Ilmo Sr. Presidente da Liga da Defesa
Nacional, Bel. Antônio Carlos Ferreira de Melo.
Vamos iniciar este momento solene da Sessão, e vamos
solicitar que o primeiro orador fale em nome da Câmara Municipal de Porto
Alegre, em nome do seu Partido, o PPR, e também em nome das Bancadas do PDT,
PPS e do PFL, o Ver. Pedro Américo Leal.
Com a palavra, o Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, ilustre Ver. Wilton Araújo; Sr. Presidente da Liga da Defesa Nacional,
velho amigo Antônio Carlos Ferreira de Melo; Srs. Vereadores, eu falo com muita
honra em nome das Bancadas do PPR, a minha Bancada, do PDT e as do PPS e PFL,
respectivamente os Líderes João Dib, Nereu D’Ávila, Lauro Hagemann e Jair Soares,
ilustres Vereadores.
A Semana da Pátria, como é importante para outros
países e não poderia deixar de ser para o nosso. Há anos atrás, tiros de
canhões por estas bandas do nosso Rio Grande, saudavam esta semana! As crianças
nos colégios entoavam canções! As repartições ostentavam o Pavilhão Nacional!
Havia maestros e pilares em casas de família. A mocidade formava
espontaneamente, orientada pelos professores. E assim se sucediam os dias
comemorativos da nossa independência, passando de madrugada para madrugada, o
bastão da brasilidade, no eterno revezamento em que os povos constróem, até
improvisam, as suas histórias. Para contá-las a gerações mais moças que, como
crianças ficam ávidas para ouvir relatos; acreditar em algo; cultivar símbolos,
mesmo que retocados pelo pincel bem intencionado do artista apaixonado. Já não
ouvimos mais tanta festança. O que houve com a nossa Pátria e conosco? Onde
estão, os esquadrões de cavalarias, as clarinadas, os tiros festivos,
autoridades e imprensa, o culto e o povo, onde estão? É que no calendário da
História-Pátria as figuras do elenco, não têm nome; desempenham papéis.
De 25 de agosto a 25 de setembro, reparem bem,
atravessamos aqui no Rio Grande um mês pautado de comemorações. O povo gaúcho
não comemorava, guloso, o seu civismo, só da Semana da Pátria. Comemorava sim o
mês da Pátria. O Rio Grande do Sul era diferente; não bastava uma semana;
reclamava um mês. Iniciava com Caxias em 25 de agosto e terminava com Bento.
Misturando, exército, povo, brigada, Caxias e Bento, que não obstante profundas
divergências com Caxias, conservava grandes afinidades. Com seus desacertos, os
dois marcharam juntos em defesa da Pátria. Ensinando, em política, a prioridade
que prevalece o bem coletivo. E reparem, os dois generais: Caxias a 25 de
agosto; Bento a 25 de setembro, recepcionam, bem no meio, um feito estranho -
para o Brasil, feito português, do Imperador do Brasil: Pedro I. Mais
extrovertido, arrojado, irreverente, este Pedro I foi uma figura singular,
marcante, até pelos seus defeitos. Temos que examinar a nossa Independência em
cima de Pedro I. Tanto que ele está em retrato a óleo à retaguarda de todos os
Presidentes do Brasil, na sala de despachos do Palácio do Planalto. E o Brasil,
que Pedro I fez independente, tem muito do seu jeito. Não cabe se discutir na
História, se ele fez seu proclamo à beira de um riacho. Não interessa! Podia
nem ter água por ali. Pedro I tinha que ser como ele era, como ele foi: sincero
até a rudeza, disposto, arrebatado, amigo dos seus amigos - bem igual ao Brasil
- amante das boas coisas, transitando mais nas cavalarias do palácio do que em
seus salões. Era o Pedro que, no momento o Brasil precisava. Precisava de um
Pedro assim para se desvencilhar, sem lutas de Portugal. Ele veio de encomenda
para declarar, indisciplinadamente, a nossa Independência, um indisciplinado!
Parece incrível! Fosse ele um fiel seguidor, obediente a Coroa portuguesa e
teríamos escapado a nossa oportunidade. Corado, forte por caminhadas até
atrevidas que a História registra - exímio cavaleiro, popular e generoso,
responderia com romantismo de artista, alma de músico, na encantadora
composição do Hino da Independência, de sua autoria. Sentimental tal qual o
Brasil, adorava ser estimado e só por isso daria o passo que deu. Pelo amor, ao
amor dos outros para com ele. E dessa personalidade arrebatada, mais brasileira
do que portuguesa, surgiria a decisão, numa opção difícil, contrariando as
noções básicas de fidelidade, aos dois símbolos que cultuava: Portugal e a
família real. Eram os dois grandes símbolos de Pedro, que substituiu
inopinadamente pelo nosso Brasil.
Como ele poderia estar ao nosso lado? Pensem nisso.
D. Pedro I não carregava, em sua personalidade, o mais leve traço de traidor.
Era um homem corajoso, destemido e desafiador. Resoluto, só fazia o que
desejava, e o que julgava certo. Não dava sequer importância para os fuxicos da
corte e a seu respeito. Imaginem se um homem desses iria fazer o que não
queria. Não faria!
Psicologicamente, Srs. Vereadores, o momento da nossa
independência do Brasil é simplesmente um acontecimento impossível. Não podia
ter acontecido naquele momento, não fosse o Pedro. De nada teria adiantado a
habilidade dos Andradas, a tenacidade de um Feijó, a sagacidade dos políticos
da época, a Maçonaria, a Igreja, se D. Pedro I não fosse quem era. Vivíamos o
primeiro quartel do séc. XIX, o ocaso das mentalidades feudais. O mundo se
assanhava com as idéias democráticas, e a Bastilha daria a luz, ironicamente, a
mais um imperador. E que imperador: Napoleão Bonaparte. Quase imperador do
mundo. Vejam que singularidade.
D. Pedro I seria uma dessas conseqüências. O
Brasil, adolescente, necessitava de um português para contestar Portugal, para
ingressar no baile das futuras nações livres. Que cardápio!
Caíra o último Luiz, retirava-se a Inglaterra da
América Espanhola, os povos se fracionavam. Martin Rodrigues, na Argentina,
Horiguins, no Chile, Bolívar, em quase todos os países, enquanto no Brasil a
façanha caberia, ironicamente, a um português, de fazer o Brasil brasileiro.
A independência de um País, Srs. Vereadores, é
muito semelhante a independência de uma pessoa. Não há alguém completamente
independente, política e economicamente. Não há quem se baste completamente.
Toda a independência é relativa, pessoal ou coletiva. Nós éramos muito pobres e
politicamente sem expressão, precisávamos daquele Pedro, seu arrebatamento, seu
amor indisciplinado, incompreensível para a época. Sem ele não teríamos
conseguido o grito na verdade muito maior dentro do peito do Pedro, do que fora
do peito do Pedro. Não sei se esse Pedro não teria indultado o próprio
Tiradentes. Imaginem se com o jeitão dele, indultando o Tiradentes,
roubando-nos com sua personalidade de líder generoso, o maior vulto da luta
pela nossa liberdade, complicando a nossa história.
Vejam que paradoxo. E se, hoje, atravessamos
momentos difíceis, Srs. Vereadores, nunca imaginados, a nossa frente um enorme
contingente de cento e cinqüenta milhões de brasileiros são carregados
proporcional e desproporcionalmente por oito milhões, apenas, de brasileiros.
Nós oito carregamos cento e quarenta e dois milhões de irmãos. Não vamos
conceituar esses contingentes, sua história, seu destino. Caberia um discurso.
Liberdade! Liberdade não pode ser mais uma palavra vã, embora o que já se tenha
feito em seu nome. Avaliamos sim o que herdamos: o dote. Liberdade de ir e vir.
Liberdade de expressão, deixamos de discutir qual das duas é a mais importante.
Acadêmica discussão. Temos tido isso, mas a que preço? Com segurança ou com relativa
segurança? Presenciamos a bem pouco tempo no Rio Grande a contestação
separatista. E nos servimos do brado do grande Catulo, para que, não nos
dividamos. Cantava, este grande sertanejo,
“Poetas, músicos, pintores/Soldados e
trovadores/Filhos do sul e do norte/Pais e filhos de leões/Cantemos o hino à
glória/Vamos saudar a vitória/Que a liberdade saudando/Os pampas estão
cantando/Abraçados por sertões”.
Pelo menos conservemos este cuidado quando
festejamos nossa independência, em período de enormes dificuldades. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Falará, em nome de sua Bancada, o PT, e em nome da Câmara
Municipal, o Ver. Décio Schauren.
O SR. DÉCIO
SCHAUREN: Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Wilton Araújo; Ilmo Sr.
Presidente da Liga de Defesa Nacional, Bel. Antônio Carlos Ferreira de Melo;
Srs. Vereadores.
Nós, infelizmente, vamos destoar um pouco do
discurso feito, aqui, pelo Ver. Pedro Américo Leal. Queremos dizer que o nosso
partido, mais do que ninguém, defende a independência do nosso país e
a independência de nossa gente.
Entendemos que a nossa independência, de fato, só
poderá ser construída por obra do conjunto de toda população brasileira.
Nós entendemos que no dia 7 de setembro, hoje
devido a toda crise que o nosso País enfrenta, temos dificuldades para poder
festejar a nossa independência. Gostaríamos muito, mas entendemos que nesse
momento é um ato de patriotismo nós, todos os brasileiros, nos insurgirmos
contra aquilo que vem acontecendo nos últimos anos, em nosso País.
Tivemos um Presidente da República corrupto que,
felizmente, por ação dos brasileiros sofreu o “impeachment” e, hoje, está fora
do governo.
Tivemos uma série de escândalos internacionais.
Gostaríamos de que isso não tivesse acontecido, para que o povo brasileiro não
precisasse passar vergonha, como no caso da matança dos meninos de rua da
Candelária, no Rio de Janeiro; como no caso dos Ianomâmis; como no que
aconteceu há poucos dias na Favela Vigário Geral, no Rio de Janeiro.
Eu acho que é um ato de patriotismo, neste momento,
se falar em enfrentarmos a nossa dívida externa porque cada vez mais o Brasil
está nas mãos dos credores internacionais, cada vez mais o Brasil está nas mãos
dos bancos internacionais. A nossa dívida externa em 72 era de dez bilhões de
dólares, no entanto, em 86 ela já era de cento e onze bilhões de dólares e hoje
é de cento e vinte e cinco bilhões de dólares. Na verdade, cada brasileiro ao
invés de nascer livre, já nasce com uma dívida. Eu acho que é um ato de patriotismo
nós refletirmos, por ocasião da data da Independência do Brasil, sobre isso. Se
essa dívida não existisse, o quanto de vida melhor que os brasileiros poderiam
ter.
Nós sabemos que a submissão dos muitos governos brasileiros é histórico, começou com D. João VI que veio para cá patrocinado pelos ingleses, fugindo de Napoleão e fez para isso um acordo de comércio entre Portugal e Londres que foi altamente concessivo para os ingleses. De lá para cá, a submissão só vem se agravando. A origem do problema está na forma como o Brasil se relaciona com a comunidade financeira internacional. Durante a década de 70 o Brasil se endividou de forma crescente, em 79 nós tínhamos uma dívida bastante alta e tudo isto foi comandado por um período em que, após um golpe, os militares estiveram no poder e se dizia que o Brasil estava se endividando para que o seu desenvolvimento econômico pudesse acontecer. Mas que desenvolvimento econômico é esse, onde existem 35 milhões de brasileiros na miséria absoluta. Não conseguimos pagar essa dívida. Temos 35 milhões na miséria absoluta e outros brasileiros assalariados que, a cada dia, estão pagando essa dívida. Entendemos que alguns podem não gostar, mas para construirmos um Brasil, onde todos possam ter uma vida digna, acesso ao emprego, a saúde, ao pão de cada dia, precisamos ter uma política de desenvolvimento que liberte o nosso País do capital internacional. Temos condições para isso: temos riquezas, podemos plantar o ano inteiro. Temos terras férteis, talvez as terras mais férteis do mundo, no entanto, o nosso povo passa fome. Temos condições de ser o celeiro de alimentos do mundo.
Então, no dia 7 de setembro, temos que pensar
nisso. Podemos ser uma grande nação, onde o povo possa ser feliz, ser livre e
ter melhores condições de vida. No entanto, essa independência, essa liberdade,
esse crescimento econômico, tem que ser construído com a força de todos os
nossos cidadãos, que não pode ser outorga deste ou daquele que está atrelado ao
capital internacional. Oxalá que todos os brasileiros tenham consciência disso
e que possamos construir uma nação livre e com condição de vida digna para
todos os brasileiros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª Clênia Maranhão.
A SRA.
CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Bel. Antônio Carlos
Ferreira de Melo, Presidente da Liga de Defesa Nacional, quando nós pensamos no
“7 de setembro”, lembramos o ato da Independência do Brasil, e quando pensamos
no dia-a-dia da Nação brasileira, podemos relembrar a luta cotidiana pela
construção, ainda, dessa independência. Aquilo que motivava as instituições que
antecediam o “7 de setembro” era a Independência do Brasil dos povos da Europa.
O que rege, o que move e que preocupa aqueles que têm compromisso com a Nação
brasileira no final do séc. XX, prosseguem sendo essas mesmas preocupações. É a
relação igualitária do Brasil com os outros povos, é a construção da sua
soberania, é a garantia da sua independência econômica, é a preservação da sua
democracia. Esse “7 de setembro” tem que servir para nós podermos rememorar que
todos os fatos políticos importantes do Brasil e que todos os heróis, que se
consagraram na defesa da Pátria, têm o lema da soberania e da independência.
Independência essa, tentada ser construída ao longo dos séculos, e que nós
sabemos que só será garantida com a luta incessante, pela independência
econômica e pela soberania absoluta da Nação brasileira. As discussões das
questões da fronteira, a garantia da exploração das riquezas minerais, a luta
pela preservação da biodiversidade, a luta contra os cartéis, contra os
monopólios, contra o processo de privatização de empresas estatais
estratégicas, a luta levada hoje pelos trabalhadores pela manutenção de seus
empregos nas empresas estatais, a luta dos patriotas pela não privatização do
setor elétrico, do setor do petróleo faz parte da mesma luta e da mesma
preservação da liberdade, da soberania e da garantia do desenvolvimento
econômico que vai - quem sabe um dia, que esperamos não seja muito longe -
fazer a verdadeira independência do Brasil. Quem sabe o lema de “liberdade
ainda que tardia” não esteja tão longe e que possa ser visto, não pelos olhos
dos nossos netos, mas pelos olhos dos brasileiros que hoje ainda estão vivos.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Ver. Wilton Araújo; Ilmo Sr. Presidente da Liga de Defesa
Nacional, Dr. Antônio Carlos Ferreira de Melo, a quem saudamos com muita
alegria, colegas Vereadores.
Primeiramente, não vou fazer uma reflexão
histórica, porque o Ver. Pedro Américo Leal o fez muito bem, numa análise longa
e positiva do episódio da independência do nosso País. Esta independência não
conseguimos atingir como deveríamos, não conseguimos conquistar como povo,
porque estamos ainda muito vinculados às nossas pequenezas. Lamentavelmente não
enxergamos ainda o Brasil como ele deveria ser enxergado. Se passamos
dificuldades, a culpa é de nós todos como sociedade; se não assumimos este
País, a culpa é nossa, de todos os grupos que estiveram ou que estão no poder.
Pecamos nas pequenas coisas. Há pouco, eu apontava aqui o descumprimento da lei
municipal que estabelece que o Hino Nacional seja cantado nas escolas
municipais. E é um Partido progressista que está no poder; dito progressista.
Vejam bem que todos os governos, todos os grupos políticos no poder, não têm
ajudado este país a atingir o seu desenvolvimento, a alcançar a sua soberania
de fato, e todos nós temos que assumir esta responsabilidade. Enquanto nós não
pensarmos de maneira grandiosa, de maneira mais forte, nos reais interesses da
nossa Nação, nós vamos continuar nos digladiando por pequenas coisas, que é o
que temos feito ao longo dos anos, lamentavelmente.
Somos, ainda, um povo permanentemente submisso ao
capital internacional. Somos, ainda, uma sociedade que busca um espaço, que
busca ser uma grande Nação. Não somos, na nossa visão, uma Nação em
desenvolvimento, somos, sim, uma Nação extremamente subdesenvolvida. Não
compartilhamos dessa idéia errada. Estamos em desenvolvimento para uma pequena
camada da sociedade, mas a grande população brasileira permanece em profundo
desenvolvimento, e a culpa, volto a dizer, é de todos nós, da nossa pequenez.
Brigamos por ideologias, brigamos por pensamentos de grupos, mas esquecemos
sempre de nos aliarmos aos grandes pensamentos nacionais. Claro que tudo isto
passa por um processo de educação do nosso povo. Este grande processo de
educação por que todos clamam, mas que na realidade acaba não sendo praticado.
Ontem, ainda via os professores lá na rua, em São Paulo, clamando por
dignidade, clamando por respeito, como se tem visto ao longo da história. Ora,
como pensarmos numa Pátria independente, se o professor, se o formador de
opiniões, se aquele que junto conosco prepara os nossos filhos, não tem a
dignidade de poder ser cidadão, de poder sobreviver, de poder, realmente,
transmitir aquilo que seria necessário a nossa juventude, para poder bem
educá-la? É um momento extremamente grave este em que nós vemos a própria
sociedade não ter mais o professor numa posição de respeito.
Eu me lembro, me criei nos idos de 58, 59, 60, 61,
63, o Brasil ainda tinha um período democrático, nós fazíamos nossa Parada da
Mocidade, os jovens participavam, eu era uma criança pobre e participava com o
meu tapa-pó, com orgulho nós desfilávamos na Av. Farrapos, com orgulho tínhamos
pequenas bandas, tambores, da nossa Escola, nos intitulávamos “músicos”. Nesta
época, tínhamos orgulho de participar dos movimentos que cultuavam a nossa
Pátria. Tudo isso foi colocado e relegado a um segundo plano. Não é questão de
governos de recessão ou não, acho que o amor à pátria não pode ser abandonado
jamais. A luta pela independência passa por esse amor à Pátria que se tem. Se
nós não ensinarmos a nossa juventude a amar nossa Pátria, se nós não ensinarmos
a nossa juventude a cultuar esses valores maiores, a cultuar o seu hino, a
cultuar os seus símbolos, a respeitá-los, como nós podemos pensar em pátria?
Claro que vão dividir o Brasil ao meio, cortar em 10, 15, 20 partes, quem sabe?
Nós, primeiro, temos que educar a nossa juventude, propiciar a uma nova geração
amor ao país, precisamos todos fazer isto. Considero este momento da Semana da
Pátria, de independência, de profunda reflexão. Precisamos analisar os valores
que cultuamos e aqueles que damos à nossa juventude. Um país que não preserva a
juventude não pode ter futuro, vive de momentos. Nós, neste País, não temos
preservado a nossa juventude. É por isso que nós a cada dia sofremos mais, é
por isso que nós a cada dia mais nos tornamos subdesenvolvidos, é por isso que
nós a cada dia temos que vir à tribuna lamentar episódios aqui ou acolá, porque
realmente não temos sabido preservar a nossa juventude, não temos sabido
preservar aquilo que é mais puro para o país, aquilo que seria esperado por
todos: segurança nacional. Segurança nacional são os nossos jovens, nossa
juventude, o nosso futuro.
Por isso, senhores, é que conclamo a todos; vamos
refletir profundamente e vamos cultuar com muita devoção tudo aquilo que
inspira a nossa Pátria, que inspira o nosso grandioso Brasil que nós tanto
amamos e que precisamos fazer com que essa juventude cada vez mais ame para que
um dia ela possa ter a dignidade de dizer que, realmente, é um brasileiro e que
todos os brasileiros são respeitados por esta Pátria. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª Maria do Rosário.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Sr. Presidente convidado, Srs. Vereadores,
falar em pátria é falar em plural, é falar num povo, é falar na gente, nas
pessoas que trabalham, nas pessoas que estudam, nas pessoas que constroem esse
cotidiano difícil da Nação brasileira hoje, em gente que é unida por um chão,
por uma mesma língua, por conflitos e por amores também. A pátria não é dos
governos, mesmo que eles procurem sempre se apropriar. A pátria é
nacionalidade, é unidade, é um conceito muito amplo. Não é dos monopólios, não
é das elites, mas é de um conjunto e eu acho que isso é fundamental que se
resgate. Neste dia em que nós, aqui da Câmara, homenageamos a independência,
não podemos deixar de denunciar com veemência os planos de dominação desta
pátria. A tentativa constante de que os brasileiros se curvem, de que se
submetam a interesses que não são os nossos, que não são de desenvolvimento
nacional, de soberania, de crescimento econômico e igualdade deste povo. O
governo Itamar Franco rompe, neste momento, com todo o processo que o levou a
ser governo neste País e segue a herança do projeto iniciado pelo Governo
Collor de Mello. A aplicação de tal projeto, no Brasil de nossos dias, pode
levar à destruição dos fundamentos da Nação e tornar muito mais difícil a
dignidade e felicidade que todos devemos ter por sermos brasileiros.
É assim que as elites buscam desculpas por seu
fracasso em administrar a Nação, para o nada a que levam a população. Buscam
desculpas, tentando diminuir o tamanho do Estado para responder aos problemas.
Querem, na verdade, com isso - e particularmente no processo de privatização de
empresas estratégicas - destruir qualquer mecanismo de defesa de uma economia
que já é débil e entregar toda a Nação aos interesses internacionais. É
importante salientar que uma outra desculpa para os problemas hoje é a
Constituição. Levantam a bandeira da revisão constitucional, como se a
Constituição que o povo brasileiro construiu, conjuntamente com o Congresso e
colocada em vigor a partir de 88, fosse o grande empecilho para administrar
este País. No entanto, a verdade é que não basta mais ao capital estrangeiro
controlar setores fundamentais da economia. O que tentam na revisão
constitucional por pressão dos grandes bancos, dos monopólios internacionais
associados ao capital subalterno nacional é adequar a ordem jurídica aos
interesses econômicos em curso no País.
Essa denúncia temos que fazê-la com veemência.
Chico Buarque dizia que “dormia a pátria-mãe, tão distraída, sem perceber que
era subtraída em tenebrosas transações”. E esse é o cotidiano da Nação
brasileira, uma Nação que precisa acordar, que precisa ser sacudida, que
precisa dar um basta, das ruas, a tudo isso que ela está passando. A crise
social agrava-se a cada dia e o resultado dela é a Vigário Geral, é a
Calendária, é a chacina dos índios, é a violência que nós encontramos
cotidianamente. A solução para a crise social se encontra, infinitamente mais
do que na repressão, na distribuição de renda e em programas sociais que elevem
o homem, que lhe dêem o direito de viver neste país como um cidadão, com
justiça social, o que os governos não fazem quando aplicam mais de 60% do
orçamento da União em pagamentos de serviços e dívidas, particularmente da
dívida interna, retirando verba que deveria ser destinada a programas de saúde,
de educação, de direitos da população. O que nós precisamos dizer, neste 7 de
Setembro, à Nação brasileira, e esta Pátria sempre amada, é que um filho seu
não foge à luta e que nós estamos prontos a defender a Nação brasileira nos
seus fundamentos, a soberania nacional, a democracia, com tudo o que for
necessário, e defender de quem são os seus verdadeiros inimigos: os monopólios,
os bancos, o capital financeiro internacional e aqueles que, neste País, se
vendem barato e servem a esses interesses.
Em nome do PC do B, era isto o que eu tinha para
colocar. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Vamos conceder a palavra ao nosso convidado, Presidente da Liga
de Defesa Nacional, Sr. Antônio Carlos Ferreira de Melo.
O SR.
ANTÔNIO CARLOS FERREIRA DE MELO: Exmo Sr. Presidente, Ver.
Wilton Araújo; prezados Srs. Vereadores; Senhoras e Senhores.
Quero, neste momento, Sr. Presidente, em nome da
Liga de Defesa Nacional agradecer a V.Ex.ª e aos Srs. Vereadores a oportunidade
que nos concede, para, em breves minutos, também trazermos a nossa palavra a
esta Casa, tão destacada na vida porto-alegrense, no momento em que se enaltece
a data magna da nacionalidade.
Mas quero, sobretudo, Sr. Presidente, colocar
algumas reflexões que não vêm dos dias de hoje, mas que datam desde o início do
século, do longínquo ano de 1916 quando na Cidade do Rio de Janeiro um pungir
de homens, liderados por Olavo Bilac, Rui Barbosa e muitos outros houveram por
bem instituir uma sociedade civil que tivesse como preocupação precípua voltar-se
à causa, às razões necessárias para que se procedesse a defesa de verdades
nacionais.
E, logo após fundar esta instituição, em
peregrinação que fez a este Estado, Rio Grande do Sul, já em 1917, ou 1918,
sobre o tema da defesa nacional, dizia Olavo Bilac aos nossos antepassados: que
não vinha a este Estado fornecer lições de civismo, porque o Rio Grande, muito
ao contrário, era um recanto da Pátria que felizmente sabia fornecer formação
cívica, não só aos rio-grandenses mas a todos os brasileiros. Mas também
naquela conferência que aqui fez Olavo Bilac, preferiu certas palavras, certos
conceitos, certas constatações que podemos dizer que são verdadeiras antevisões
dos dias que estamos vivendo. Dizia Olavo Bilac que um dos maiores problemas
deste País, que não tinha na sua consciência grandes dramas que desequilibrasse
a sua balança histórica, pois dizia ele que sequer a escravidão poderia ser
imputada unicamente aos brasileiros. E se erros houve da nossa Pátria é que não
souberam conceder à raça heróica que havia sido tripudiada em solo pátrio, era
não sabermos ter dado a essa raça, após a sua libertação, os necessários
caminhos de educação, os necessários caminhos da elaboração metódica do seu
trabalho. E a partir daí construía Olavo Bilac a seguinte situação: incumbia já
naquele tempo a este País formar e educar de maneira mais completa os filhos na
nacionalidade, porque não haveríamos de ter um país forte, respeitado quer
internamente, quer além das nossas fronteiras, se não assumíssemos a tarefa de
educar e preparar o homem brasileiro. E, hoje, o quadro que assistimos todos de
matanças, de miséria, de fome nas ruas, é sobretudo porque não soubemos ouvir e
seguir as lições dadas no início do século por Olavo Bilac.
Felizmente, como numa Sessão de hoje, quando
diversas vozes se fizeram ouvir, representando praticamente todas as correntes
de opinião pública, uma constatação se faz, que esses valores efetivamente
necessitam ser encarnados na Nação brasileira e, sobretudo, naqueles que têm a
maior responsabilidade de dar os rumos dos nossos dias e de levar a Pátria a
construir o dia de amanhã.
Por isso é que a Liga de Defesa Nacional, com
grande satisfação, participa da Sessão dos Senhores que hoje se desenvolve
nesta Casa. E querendo também afirmar que a sua vivência de 77 anos, justamente
trabalhando por estes valores, são o penhor da nossa presença nos dias futuros,
na crença de que, como afirmava Bilac, também o País que nós herdamos e no qual
nós vivemos, tão grande e tão rico, para que possa permanecer nas mãos dos
brasileiros, servindo de veículo para a realização plena de todos os
brasileiros. Necessita que efetivamente assumamos esta responsabilidade. “Tudo
o que temos”, como dizia Bilac, “pode ter sido dádiva de Deus”, mas cabe a nós
preservarmos e mantermos, porque a humanidade que vai além das nossas
fronteiras é a mesma humanidade de todos os tempos do mundo, e que, depois de
praticar rapinagens em todos os recantos do mundo, não se conterá nas nossas
fronteiras se não soubermos fazer-nos respeitar; se não soubermos fazer com que
cada brasileiro sinta obrigação de defender a sua pátria e o seu lar. E, só se
assume esta responsabilidade quando não se tem um lar cercado por fome, por
miséria, por ignorância, por falta de hospital. Só quando esse lar e essa
pátria realizar as pessoas humanas é que ela se sente na obrigação de retribuir
na defesa dessa pátria. E, a isso incumbe, a todos nós construirmos, não
delegaremos a ninguém porque não podemos delegar, e temos a responsabilidade de
deixar às gerações futuras a educação, o lar, a integridade, a preservação
daquilo que recebemos graciosamente de gerações que nos antecederam. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Ao encerrarmos esse momento solene da Sessão, destinada a
homenagear, a comemorar a Independência do País, devo dizer que a Câmara
Municipal se sente honrada com o convite e por ter o Dr. Melo aceitado esse
convite e participado mais uma vez conosco. A Câmara Municipal vê na Liga de
Defesa Nacional uma das instituições que realmente defende a pátria e por isso
é constante a sua presença entre nós nessas Sessões. Nós suspendemos os
trabalhos por dois minutos para as despedidas do Dr. Melo.
(Os trabalhos foram suspensos às 10h23min.)
O SR.
PRESIDENTE (às 10h28min): Estão reabertos os trabalhos.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada
nominal para verificação de “quorum”, a fim de entrarmos na Ordem do Dia.
O SR. 1º
SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Há “quorum”,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE:
Havendo “quorum”, passa-se à
ORDEM DO DIA
PROC. 2559/91 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR
DO LEGISLATIVO N.º 44/91, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que acresce inciso ao
artigo 24 da Lei Complementar n.º 12, de 07 de janeiro de 1975 (Código de
Posturas). Com Emenda n.º 01.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
-
da CFO. Relator, Ver. João Verle: pela aprovação do Projeto e da Emenda
n.º 01;
-
da CUTHAB. Relator, Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLCL n.º 44/91. (Pausa.) Com a palavra, para
discutir, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Apenas para, rapidamente,
esclarecer aos Vereadores que não tiveram informação completa sobre o Projeto.
É um Projeto, no qual nós propomos a formalização de que já existia em um
Decreto Municipal, há mais de uma década, e que curiosamente foi abandonado
pelo Secretário Municipal dos Transportes, que me substituiu depois de 1989. É
a necessidade da identificação, por parte dos motoristas e cobradores, com o
crachá específico da Secretaria Municipal dos Transportes, ou seja, que todo o
funcionário de uma empresa de ônibus em serviço, motoristas, cobradores, tenha
o seu crachá, com a sua identidade que facilita a fiscalização do usuário do
serviço para qualquer reclamação, para qualquer denúncia. O Ver. Isaac Ainhorn
fez uma Emenda, estendendo esta nossa exigência do serviço de ônibus também
para o serviço de táxi-lotação, com a qual nós estamos de acordo. Eu acho que a
identificação do motorista impede eventual injustiça de passageiro que queira
denunciar um e acaba denunciando outro. O que nós estamos incluindo em nível de
Lei, e não de um Decreto que pode ser revogado, é a necessidade da
identificação. Nós próprios, aqui na Casa, instituímos isso para todos os
nossos funcionários, e acho que é bom se ter identificação. Não há nenhuma
perseguição, nenhuma marcação, é apenas a necessidade de identificação. E por
quê? Porque a relação da Secretaria se dá com as empresas permissionárias, mas
também se dá sobre o controle dos motoristas, dos cobradores e dos fiscais,
enfim, de todos os funcionários. Da mesma forma que a relação do usuário do
serviço se dá com as pessoas, que são aqueles motoristas, são aqueles
trabalhadores que estão ali trabalhando. Então, a intenção do Projeto é a
identificação para que não tenhamos padrões diferentes de identificação e, às
vezes, nem tenhamos identificação, porque se há empresas que adotam identidade,
outras não adotam identidade. Vamos ter uma padronização e com isso fica
reforçada, sem dúvida nenhuma, a relação entre o passageiro, a empresa
permissionária e a Secretaria Municipal dos Transportes. Evidentemente a Emenda
do Ver. Isaac estende um serviço que nós, aqui na Câmara, já definimos
claramente que é um serviço de transporte coletivo, que é o táxi-lotação, de
maneira que somos a favor da Emenda apresentada ao nosso Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo mais Vereadores inscritos para discutir a matéria,
a colocaremos em votação. Em votação. (Pausa.) Para encaminhar, pelo PDT, o
Ver. Nereu D’Ávila.
O SR. NEREU
D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós queremos encaminhar
favoravelmente o Projeto de Lei pois achamos muito oportuno que a Câmara
legisle sobre esta matéria. Em boa hora o Ver. Antonio Hohlfeldt coloca nos
trilhos aquilo que ele mesmo disse nesta tribuna, há poucos instantes, que o
seu sucessor, por razões que desconhecemos, deixou de cumprir uma função tão
importante como esta da identificação. Quero salientar que esta identificação,
inclusive, dá um certo sentido de segurança ao passageiro. É estranho que ainda
não tivesse sido adotado pela própria Secretaria, com iniciativa do Poder
Executivo. Supomos, por exemplo, que à noite uma pessoa do sexo feminino tome
um táxi. É evidente que havendo a identificação do motorista em lugar visível,
vai haver, com a violência e a insegurança até psicológica que hoje domina a
todos nós, um maior descanso do passageiro. Refiro-me ao sexo feminino porque,
hoje em dia, chegou a tal monta a gravidade e a insanidade das ocorrências, que
não estranhamos mais nada, neste campo da violência. Eu digo isto, porque,
agora em julho, quando chegava a Nova Iorque, não conhecia aquela imensa cidade
e fui avisado por pessoas que já visitaram aquela metrópole sobre os seus
perigos, no sentido de assalto e de outras questões; eu - embora de dia e com
sol, pois lá é verão - me sentia inseguro no sentido de ser roubado, ser
passado para trás, inclusive em preços. É uma situação que aflige a todos nós.
Quando entrei no táxi com destino à Ilha de Manhattam, senti-me seguro com a
placa enorme, à direita do taxímetro, com identificação, inclusive pessoal, do
motorista que estava ao lado, dando sua origem, que não era americana e com
informes, telefones, etc. Isto me deu segurança, pois se ele, por acaso, me
achasse com cara de caipira, até por não falar fluentemente o inglês, e
quisesse me passar para trás nos dólares, eu já estava com o telefone à mão.
Isto dá segurança. E aí lembrei que no Brasil nós não vemos essas placas nos
carros.
Então, é muito oportuna a iniciativa do Ver.
Antonio Hohlfeldt, a emenda do Ver. Isaac também, porque o Ver. Antonio colocou
ônibus e o Ver. Isaac estende a táxi e lotação. É absolutamente ponderável e
absolutamente pertinente. Eu cito esta minha experiência pessoal porque,
efetivamente, às vezes longe daqui é que nos chama a atenção o que não ocorre
aqui. E não custa nada termos aqui este mesmo tipo de segurança, porque a
violência não é local, ela não é nacional, ela é internacional e afeta à
natureza humana. E sempre que os permissionários nos derem mais segurança, até
porque, em nosso nome eles estão com a concessão, porque a concessão é dada
pelo poder público, que nos representa, e nada melhor que o primeiro ponto seja
essa identificação de quem nos presta um serviço público.
Por isto, parabenizo o Ver. Antonio Hohlfeldt por
ele estar atento a situações que podem parecer menores, podem parecer até
irrelevantes, mas não o são. Pelo contrário, são muito importantes e devem ter
este sentido na legislação, através de lei ou de decreto, não importa. O que
importa é que tenhamos segurança das coisas, principalmente as que lidam com o
público. E esse público deve ser respeitado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não há mais Partidos inscritos para encaminhar, vamos colocar o
Processo em votação nominal, dado que é exigida a maioria absoluta dos votos
para a aprovação do Projeto.
Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda à chamada
nominal e colha os votos.
O SR. 1º
SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr.
Presidente, 25 Srs. Vereadores
votaram SIM.
O SR.
PRESIDENTE: APROVADO o PLCL n.º 44/91.
(Votaram
SIM os Vereadores: Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clóvis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi
Guimarães, Geraldo de Matos Filho, Guilherme Barbosa, Henrique Fontana, João
Dib, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Maria do
Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal,
Gerson Almeida e Wilton Araújo.)
O SR.
PRESIDENTE: Em votação a Emenda n.º 01 aposta ao PLCL n.º 44/91. Os Srs.
Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. João
Verle, solicitando que o PLCL n.º 44/91 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1923/92 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N.º 54/92, que autoriza o Município a alienar área remanescente de
propriedade municipal a Roberto Ubirajara Marques, com base no artigo 208 da
Lei Complementar n.º 43/79 – Com Mensagem Retificativa.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto e da
Mensagem Retificativa;
-
da CFO. Relator, Ver. Airto Ferronato: pela aprovação do Projeto e da
Mensagem Retificativa;
-
da CUTHAB. Relator, Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da
Mensagem Retificativa.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º 54/92. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Em votação a Mensagem Retificativa ao PLE nº 54/92.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. João
Verle, solicitando que o PLE n.º 54/92 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 0332/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 05/93, do Ver. José Gomes, que torna obrigatória a
instalação de dispositivo eletro-eletrônico de segurança nos ônibus do sistema
de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências. Com Emenda n.º
01.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
-
da CFO. Relator, Ver. Airto Ferronato: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
-
da CUTHAB. Relator, Ver. Clóvis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto e
da Emenda n.º 01.
O SR.
PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. João Verle,
solicitando que o PLL n.º 05/93 tenha adiada a sua discussão por 02 Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC. 1404/93 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO
N.º 34/93, que declara de utilidade pública a Associação Comunitária de
Moradores e Amigos “Ten. Ary Tarragô”.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. José Gomes: pela aprovação;
-
da CEC. Relator, Ver. Jocelin Azambuja: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º
34/93. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver. João
Verle, solicitando que o PLE n.º 34/93 seja dispensado de distribuição em
avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Registramos, com satisfação, a presença da
ex-Vereadora Ana Godoy.
PROC. 1418/93 - PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 67/93, do Ver. Luiz Braz, que denomina Praça Laurentino
Zottis um logradouro público, localizado no Bairro Menino Deus.
PARECERES:
-
da CCJ. Relator, Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação;
-
da CUTHAB. Relator, Ver. Luiz Negrinho: pela aprovação;
-
da CEC. Relator, Ver. Jocelin Azambuja: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º
67/93. (Pausa.) Com a palavra, para discutir, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO
HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu vou votar a favor do projeto,
mas assomo à tribuna para fazer um pedido aos que encamparam a praça e a
Prefeitura.
A praça, que ora vai ser denominada Laurentino
Zottis, para que os Vereadores tenham a noção exata de sua localização, fica
defronte ao Supermercado Moby, do Zottis, na Perimetral.
Esta praça era remanescente da urbanização daquela
zona. Acontece que, no outro lado da praça, fica a Travessa Pesqueiro. A
urbanização daquela área se deu no início do século, no fim do século passado.
Existem residências na Travessa Pesqueiro que,
ainda, obedecem à metragem antiga: 22 palmos de frente; 6,60m x 70m de fundo.
Várias dessas residências tinham saída para onde hoje se localiza a praça.
Estas pessoas, a partir do cercamento da praça, focaram impedidas de terem
acesso pelos fundos de suas casas, porque construíram os seis metros e sessenta
na sua plenitude, na frente de seus terrenos. Muitas garagens ficaram
obstruídas pelo fechamento da praça. Alguns moradores me pediram a
interferência. Eu fui à SMAM para que deixassem um beco, um acesso, que nome
tivesse, nos fundos da praça que alcançasse a Av. Aureliano Figueredo Pinto.
Infelizmente, parece que há uma disputa entre os adotantes da praça, no caso o
supermercado Zottis e alguns moradores. Não sei qual é a razão. O fato é que o
adotante pediu o fechamento da praça, e hoje, esses moradores, não sei como se
estão havendo para sair de suas casas pelos fundos. Era esse o fato que eu
queria registrar, porque me parece que, indo à justiça, será óbvio o direito
dessas pessoas que, desde o começo do século, habitam aquelas casas. Lá tem uma
casa do final do século passado e são poucas, três, quatro, cinco, se não me
engano. Esses moradores têm o direito de ter essa saída.
Então, fica aqui o meu alerta, o meu pedido para
que as coisas se componham na medida do possível, sem trauma, sem disputas,
porque ali é um local da cidade que serve a todos, é a antiga Rua dos Quatro
Jacós, para que todos tenham noção do que significa aquilo para a vida da
cidade. Um dos quatro Jacós foi que me procurou para reclamar essa saída. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos para discutir, em votação o PLL n.º
67/93. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa Requerimento de autoria do Ver.
Jocelin Azambuja, solicitando que o PLL n.º 67/93 seja dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes
na Ata.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra a Ver.ª Maria do Rosário, do Partido Comunista do
Brasil, em Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que me traz à tribuna é um
relato a V.Ex.ªs, em nome dos Vereadores Pedro Ruas, Fernando
Záchia, Luiz Negrinho, e em meu nome, inclusive, do III Congresso Nacional de
Vereadores que participamos, em Brasília, de 31 de agosto até o dia de ontem.
Nos parece importante prestar este depoimento aos Srs. Vereadores, porque foi
um Congresso em que vários temas de nosso interesse, foram discutidos.
Colocamos à disposição o material que trouxemos, para qualquer esclarecimento,
aos colegas. O Congresso discutiu desde o papel do Vereador na fiscalização das
contas do Município, o planejamento e a política urbana, até mesmo a nova lei
de licitações e, de uma forma mais detalhada, a questão da revisão
constitucional. É importante dizer que o debate da revisão constitucional foi
um debate importante, em que posições diferenciadas foram colocadas posições
favoráveis e contrárias à revisão constitucional, onde a polêmica realmente se
instalou. E Vereadores de todo o País estão levando para suas câmaras
municipais uma reflexão importante do que pode significar essa revisão
constitucional para a nação, como um todo, e, de uma forma particular, para os
municípios, inclusive no que trata à revisão das leis orgânicas municipais. Me
parece que esse debate foi o principal do encontro, em que nós, subscrevemos
uma moção contrária à revisão constitucional, partindo do princípio de que nós
precisamos nesse momento, objetivamente, é defender a regulamentação da
Constituição, e não que venha a ser rasgada, principalmente no que tange à
questão da Constituição da Nação brasileira. A nossa delegação da Câmara
Municipal de Porto Alegre participou, também, de uma forma contundente em dois
debates. Nós, os Vereadores de Porto Alegre, propusemos a esse 3º Congresso uma
Moção contra a privatização do Banco Meridional, e essa Moção foi aprovada
nesse 3º Congresso, a partir de uma defesa dos Vereadores que representaram
esta Câmara, tendo como principal argumento que o Banco Meridional é um banco
de fundamental importância para o desenvolvimento da Região Sul. Nós alertamos
os Vereadores de todo o País de que a privatização do Meridional já vem
ocorrendo na prática, quando ele passou de 400 agências a 256 e de um número de
funcionários de 16 mil para 12 mil, e mesmo assim se mantém como 16º banco do
país, uma instituição exemplar, lucrativa, na qual os banqueiros têm interesse
concreto em colocar a mão. Dessa forma, nós aprovamos essa Moção,
principalmente, tendo em conta que a Constituição Federal determina que os
depósitos e aplicações financeiras relativas a programas de caráter regional,
devem ser responsabilidade de instituições regionais de crédito e o Banco
Meridional pode-se constituir numa instituição regional de crédito com todo o
apoio da nossa região, importantíssima para o desenvolvimento da nossa região.
Além disso, os Vereadores Pedro Ruas e Fernando Záchia estiveram em conversa
com o Ministro da Previdência Social, trazendo um relato muito importante para
o nosso Município, inclusive em termos de Projeto. É fundamental dizer a V.Ex.ªs
que nós estivemos acompanhando a Comissão que trata sobre a questão da
prostituição infantil e trouxemos para esta Casa todos os depoimentos que foram
prestados àquela Comissão até agora, inclusive que a possibilidade, como a
nossa Comissão de Educação e Cultura já determinou, a discussão desse tema
junto com entidades não-governamentais e com os governos, aqui na Câmara
Municipal de Porto Alegre, com a perspectiva da própria CPI vir a instalar em
Porto Alegre, no final do mês de setembro, um debate acerca do tema na região
sul do País, porque esta questão da prostituição infantil é uma chaga no nosso
País que não se restringe ao sudeste, ao norte e ao nordeste do Brasil, mas é
uma realidade já denunciada amplamente na região sul e não temos visto as
medidas cabíveis no sentido de coibir, de se buscar soluções, de se denunciar
com contundência e de se ganhar a população gaúcha contra tudo isto. Foram três
dias intensos de trabalho para os Vereadores desta Casa e todos nós nos
colocamos à disposição dos Srs. Vereadores, bem como da nossa população de
Porto Alegre, para relatos, para esclarecimentos dos materiais que trouxemos.
Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Passamos ao período de
EXPLICAÇÃO PESSOAL
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O SR.
ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero voltar a abordar
o assunto dos Correios e Telégrafos, que trouxe a esta tribuna há alguns dias.
Em primeiro lugar, agradecendo ao Ver. Divo do Canto, na condição de Presidente
da Comissão de Defesa do Consumidor, o atendimento, encaminhamento e a
concretização do nosso Requerimento, no sentido de que se convidasse o Diretor
da Empresa de Correios e Telégrafos regional Sr. Amorim, para que ele
conversasse com os Srs. Vereadores a respeito dos problemas que levantamos. O
Sr. Amorim esteve ontem conosco e eu já havia-me encontrado com ele para um
debate na TV Guaíba e, ao longo dos dias - como tive a oportunidade de fazer um
registro aqui, após um pronunciamento do Ver. Luiz Negrinho - eu, não apenas
mantinha a denúncia que havia levantado, como a ampliava, eis que nunca, em 11
anos de trabalho nesta Casa, senti um respaldo e uma reação popular tão
grandes, por parte dos usuários dos Correios e Telégrafos, como senti nesta
denúncia. E ontem - acho que ficou bem claro - embora providências tenham sido
tomadas a partir de nossa denúncia e haja, por parte da EBCT, respostas a
algumas das outras questões que levantamos, sem dúvida nenhuma há duas visões
absolutamente diferenciadas do que deva ser um serviço público e uma empresa de
Correios e Telégrafos, nesse sentido eu me sinto tranqüilo com a questão
levantada. Descobri, ontem, no âmbito da Comissão, situação que eu desconhecia,
como por exemplo: a ECT tem inúmeros processos na Justiça, questionando
exatamente as questões que levantamos. Eu defendo a idéia que vai chegar o
momento em que, independente de nós apoiarmos a idéia de que a Empresa de
Correios e Telégrafos deva multiplicar serviços para sobreviver enquanto
empresa, ela deverá escolher melhor os seus parceiros.
Recebemos cópia de um documento, feito pela Assessoria Jurídica da Empresa, de que com base na legislação pertinente, a Lei 6538/78, que diz que “cabe à empresa, em primeiro lugar, planejar, explorar, implantar o serviço postal de telegramas; em segundo lugar, explorar atividades correlatas”. Pretende a Empresa com esta letra “b”, do artigo 2º, parágrafo primeiro, justificar os contratos com a Telessena, com a multinacional dos Caldos Maggi, com todos esses sorteios que existem por aí. Continuo achando isto ilegal, mas como está no Tribunal Superior, nós vamos aguardar decisão judicial. Acho ruim que uma empresa, tendo em vista um processo que tramita na Justiça Federal contra um produto, que é Telessena e todos esses sorteios, acabe fazendo, uma empresa pública, contratos de prestação de serviços para essa mesma empresa que está sendo processada, que está sendo processada dentro de uma ação popular que está sendo encaminhada.
Recebi denúncia de uma editora Para Aula de Porto
Alegre, uma microempresa, que os Correios acabam ficando 45 dias com o dinheiro
do reembolso postal. O Sr. Amorim nos explicou ontem, pedimos que ele faça um
contato com a editora para dirimir quaisquer dúvidas. Está aqui a denúncia
formalizada e assinada pela empresa. Recebemos queixa de um Professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor de Música, um maestro
conhecido, que é o Prof. Nicolaiewski, que tem uma caixa postal, aluga uma
caixa postal nos Correios e Telégrafos, e que tendo quebrado a sua chave,
quando quis substituí-la, foram-lhe exigidos Cr$ 562,00 pela reposição desta.
Chave que na rua, se você mandar fazer uma, custa de 50 a 100 cruzeiros. Nós
temos uma denúncia de uma postagem feita na Espanha, no dia 31 de maio, na
cidade de Biubao, que teria chegado aqui em Porto Alegre apenas no dia 18 de
agosto, e foi quando descobrimos, e reiterado ontem pelo Sr. Amorim, que os
Correios não carimbam mais a recepção da carta no Brasil para poupar tempo, ou
seja, se retira do usuário qualquer prova para fazer uma queixa formal na ECT
se uma correspondência ficar horas parada lá no meio por qualquer motivo. Não
tem mais prova de defesa prévia, porque o sujeito vai acusar e vai ficar a
palavra do usuário contra a palavra dos Correios e ele não pode comprovar que
houve, realmente, atraso como esse envelope que tenho aqui.
Gostaria de dizer que a minha grande preocupação, e isto são visões diferentes, não é nem do Sr. Amorim, que nós deveríamos cobrar, ontem isso ficou bem claro, minha grande preocupação é que de repente a ECT está sendo montada para atender grandes usuários, mas está esquecendo do pequeno usuário que é aquele sujeito que tem sua cartinha e que precisa colocá-la para que chegue até o destino. De qualquer maneira, eu concluo, Sr. Presidente, para não abusar do tempo, eu quero registrar e agradecer ao Sr. Amorim, que é o responsável pela ECT de Porto Alegre, de que a principal queixa nossa, a mistura de serviços na sede central, foi atendia e modificada desde esta quinta-feira. O serviço de “Telessena”, de vendas, de todas essas coisas, passou para a agência antiga, que aliás é patrimônio cultural da cidade de Porto Alegre, diga-se de passagem. É ali agora que está sendo atendido e não mais no segundo piso do prédio central. Voltou-se, portanto, a uma qualidade mínima de atendimento do usuário comum, se fez a separação do serviço.
Eu acho que caberia à ECT, agora, como dizia ontem,
também fazer uma separação de empresas, criar dentro da idéia da Empresa
Correios e Telégrafos duas empresas. Uma que mantivesse aqui o que é monopólio
básico e outra que tivesse, então, o atendimento desses grandes usuários. Com
isso nós respeitaríamos os dois e não inviabilizaríamos a empresa. É, portanto,
a nossa visão, talvez uma visão diferente da atual direção que ainda é oriunda
dos tempos do Sr. Collor de Mello. De qualquer maneira acho que o contato com a
ECT ontem foi muito bom, os Vereadores que lá estiveram, Ver. Nereu D’Ávila,
Ver. Zuanazzi, Ver. Divo, nós aprendemos coisas sobre a ECT e sobretudo, evidentemente,
mantivemos algumas idéias e vimos atendidas algumas das nossas reivindicações.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Saudamos a presença da ex-Vereadora desta Casa, Ana
Godoy. É um prazer tê-la conosco.
Com a palavra, o Ver. José Gomes.
O SR. JOSÉ
GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Quero parafrasear o Hino da
Independência do Brasil: “Já podeis, da Pátria livre”. Na semana em que
comemoramos a independência deste País, não temos muitos motivos para fazê-lo.
O mês de agosto deixou marcas e rastros de sangue que deixou a todos nós,
cidadãos, profundamente chocados: Candelária, favela do Vigário Geral, todos
esses acontecimentos têm encontrado no seio da sociedade uma resposta
estarrecedora em cada um dos brasileiros.
Mas nosso objetivo, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é tocar numa questão primordial: a questão das polícias militares
neste País. O Ver. Pedro Américo Leal, usando ontem de um espaço de televisão,
chegou a atacar o Partido dos Trabalhadores e este Vereador, como sendo o
porta-bandeira de uma campanha desencadeada em nível nacional para desmoralizar
e acabar com as instituições militares deste País. O Ver. Pedro Américo Leal,
por ser oriundo das Forças Armadas e por ser um ex-militar, se equivoca ao
fazer tais afirmações, mas, nas suas afirmações, não deixa de trazer a sua
doutrina militar, aquela que ele aprendeu nas casernas. Não é coisa do Partido
dos Trabalhadores desencadear essa campanha que aí está. O Ver. José Gomes não
é o porta-bandeira de uma campanha que se inicia para mostrar para a sociedade
que o trabalho da Polícia Militar deve ser adequado às novas realidades
vigentes no País. E os jornais estão aí, mostrando que homens que são
preparados para conviver com a segurança pública passam por sessões de tortura
e de humilhações, onde são obrigados a tomar sangue de galinha, a comer carne
crua, depois de um longo e estafante exercício onde são comparados com animais.
Vejam a degradação humana que acontece nas casernas. Homens sendo obrigados a
se chamarem de galinhas, de cachorros. Esse tipo de comportamento não é dado só
aos soldados da Polícia Militar; também é dado aos oficiais, através das suas
academias de polícia, que o repassam aos soldados através dos seus cursos de
formação. É isso que nós queremos mudar neste País. Não é uma campanha do PT a
qual o Ver. José Gomes está tentando levar adiante.
A partir de 1988, em seguida à promulgação da
Constituição Federal, existia, neste País, o Clube Recreativo de Militares.
Depois do advento da Constituição, esses militares passaram a congregar-se em
entidades reivindicatórias e, aí, passaram a perceber o seu papel perante a
sociedade. Treinamentos como esses devem ser banidos da nossa sociedade. Porque
no convívio diário com a sociedade, esse homem vai agir com violência, porque é
tratado com violência. O que vimos naquela fita, Ver. Pedro Américo Leal, é a
banalidade da violência. Vamos trazer a fita deste ano, e V.Ex.ª há de
concordar que precisamos mudar, de fato, as estruturas militares deste País.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Faço uso da tribuna, neste
momento, para anunciar aos Pares que hoje, às 15h30min, estarei, conforme havia
colocado desta tribuna, levando ao Procurador-Geral da Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul a denúncia à Procuradoria da Justiça sobre o assunto que falei,
desta tribuna, há dias atrás, da utilização indevida, por parte de três pessoas
do primeiro escalão do Estado, de telefones administrativos da CRT que, apesar
da controvérsia e apesar de um fax mandado para esta Casa, para a Liderança do
Partido Democrático Trabalhista, pelo Diretor de Operações da CRT, desmentia a
denúncia que eu fazia, foi definitiva e completamente confirmada em todos os
detalhes e em todas as colocações que fiz.
Portanto, dirimidas as dúvidas, esclarecidos os
fatos e confirmada a denúncia, estou fazendo o encaminhamento ao
Procurador-Geral da Justiça do Estado para que, identificada a irregularidade,
as pessoas que se beneficiaram desta irregularidade possam devolver aos cofres
públicos a importância que indevidamente se apropriaram.
Então, quero e espero com esta colocação, de minha
parte, concluir o processo que iniciei, desta tribuna, ao fazer a denúncia. E,
hoje, às 15h30min, estarei levando a denúncia. E o Ministério Público, a partir
de então, é que vai tratar desta questão.
E, por último, quero informar que também já está
sendo organizada por este Vereador uma Ação Popular com este intuito de que os
cofres públicos sejam ressarcidos e que, aí, definitivamente, se resolva da
melhor maneira esta situação, posto que os contratos de locação foram feitos
já, os cidadãos denunciados, fizeram contrato de locação logo depois das
denúncias feitas. Portanto, resta ainda, o ressarcimento aos cofres públicos de
todos os valores não pagos, provenientes desta ilicitude de que eram
beneficiários. Com isso anuncio à Casa e com isso quero concluir a minha
intervenção neste episódio, exceto se algum fato novo ocorrer. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O próximo orador é o Ver. Divo do Canto. V.Ex.ª dispõe de cinco
minutos.
O SR. DIVO
DO CANTO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Conforme falou o Ver. Antonio Hohlfeldt,
o Sr. Diretor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos esteve ontem aqui
a nosso convite e prestou os esclarecimentos solicitados. De uma certa maneira
esclareceu muita coisa, mas ainda assim ficou muita coisa pendente, e de posse
de mais material nós vamos fazer um apanhado para vermos de fato se vamos
colaborar no sentido de melhor ou não.
Mas, eu tenho que falar hoje, sou obrigado a dizer
que venho acompanhando uma série de protestos, uma série de mobilizações contra
a revisão constitucional. Até certo ponto acho correto que não mexêssemos na
Constituição agora, mas como trabalhei muito na outra vez, muitas viagens
fizemos à Brasília, em todos os Estados, praticamente todo o País, através do
movimento que os aposentados fizeram nacionalmente e acho que se nós ficarmos
fazendo protesto a revisão vai sair ao bel-prazer daqueles que estão contra os
trabalhadores e os aposentados. Eu acho que nós temos que nos mobilizar, eu
acho que todos nós somos responsáveis por isso que está aí. Se a revisão sair
sem a participação de trabalhadores, aposentados e todos segmentos nacionais,
acho que será ruim. Nós tivemos três anos para pensar e trabalhar, para fazer
uma revisão para aprimorar, eu não acredito em revisão para extinguir direito
adquirido. Eu não admito revisão constitucional que venha apenas contribuir e
beneficiar quem já é beneficiado eternamente neste País.
Então, companheiros, é uma pena que a Ver.ª Maria
do Rosário não esteja aqui, o PC do B, ontem, em nível nacional pregou isso aí,
muitas pessoas importantes, intelectuais, falaram naquele horário. E eu acho
que não é esse o momento, nós temos é que trabalhar para complementar aquilo
que ainda não foi regulamentado. Nós temos aí os excepcionais, os deficientes
físicos não recebendo nenhum benefício na seguridade social, porque não foi
regulamentado. Nós temos aí diversas coisas penduradas aí, a própria
previdência social, com a Constituição Federal, com o grande avanço social que
teve, não está sendo cumprida. Os trabalhadores da ativa não estão fazendo o
que tem que fazer neste momento que é estar fiscalizando a Constituição e
exigir os seus direitos. Eu acho que a CUT, que trabalha muito bem, o PT que
aglomera e que mobiliza milhares de trabalhadores, tem que voltar para a
Constituição e ver os direitos que nós conseguimos e o grande passo que nós
demos. Tem muitas coisas que eu não vejo lideranças sindicais falarem que é
aposentadoria dos trabalhadores que está sendo defasada. E isso é um trabalho
de liderança sindical e não de aposentados. E nós estamos fazendo isso, nós já
levamos documentação, trabalho feito por especialista da Previdência Social, ao
Ministro Antônio Brito, para as pessoas que estão fazendo o novo projeto,
alertando para os erros que já estão acontecendo.
Então, companheiros, o momento é sério. Tivemos o Congresso em Cidreira, semana passada, dois dias discutindo esses problemas, não só nosso, mas dos trabalhadores que estão aí. Tivemos a Confederação, agora, dois dias, também em Brasília. Eu devo ir a semana que vem ao Rio de Janeiro, para a reunião dos aposentados CLATIJUCA - Confederação Latino-Americana, e os problemas da Constituição Brasileira, estão no programa.
Eu acho que o momento agora é de mobilização e não
de desestimular isso aí. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver. Pedro Américo Leal, pelo PPR.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. É pena que a Casa, hoje,
extraordinariamente, esteja tão vazia, para que eu alerte sobre o grande plano
do PT. Mais um plano de plantão que está sendo desencadeado, tendo como
comandante o Ver. José Gomes, aqui no Rio Grande do Sul. Eu estava em Gramado,
representando a S.Ex.ª, o Presidente Wilton Araújo, no Terceiro Congresso
Nacional dos Delegados de Polícia, quando li na Zero Hora, meia página,
o desencadeamento do Plano Tal. E, surpreendido fiquei, quando o Governador do
Estado se impressionou com o Plano do PT. O que me levou a interferir em
televisão, ontem, à noite, urgente, para que detivesse o PT. É que Hélio Bicudo
e Raul Pont têm tramitando no Congresso, Projeto de Lei já aprovado pela
Comissão de Justiça, terminando com as Polícias Militares no Brasil. Tenho o
Projeto nas minhas mãos. O PT sabe disso, mas procura ocultar a verdade. Não
assume que o Vice-Presidente de Porto Alegre é um co-autor do Projeto,
terminando com as polícias militares. Mas não tem a coragem de assumir a
tribuna e os meios de comunicação social assumindo a autoria desse trágico,
desse tenebroso plano para a segurança pública do País. E o que estão
maquinando eles?
Inventaram uma historieta, uma novela das 8 - um
novo Renascer - através de uma fita de 50 e tantos minutos, de uma operação de
tropas especializadas, realizada há dois anos atrás.
O público ficou estatelado, pela generalização.
Mas como? A Brigada Militar - 37.000 homens
submetidos a esse treinamento.
Claro que não. Seria a mesma coisa que perguntar ao
nosso querido Ver. Mazzaropi se todos os jogadores do time do Grêmio fazem o
treinamento de goleiro. Só os goleiros.
Oh, PT! Só os goleiros ficam debaixo da goleira. É
a mesma coisa que perguntar se esta tropa especializada, que é empregada no
Itaimbezinho, em Cambará do Sul, para resgatar filhos, escoteiros perdidos,
devem treinar e comer rações no Plaza São Rafael.
Este PT chega a ser gozado!
E o público fica imaginando ser isto verdade. São
apenas 30 ou 40 homens, de tropa especializada, lançada repentinamente para
resgatar os filhos das famílias do Rio Grande. Logo tem que ser treinados de
uma maneira diferente. E o PT anda exibindo uma fita, não se de onde exumou o
material de dois ou três anos atrás. E mais estranho, o Governador do Estado
ficou impressionado. Collares ficou impressionado! Chamei a atenção do
Governador que o antecedeu - Pedro Simon - por uma manobra semelhante do PT,
quando atacava o DOPS. Eles têm duas predileções: DOPS e treinamentos
especializados. Existe um Deputado - de nome Marragon - é o representante do PT
na Assembléia Legislativa. Qualquer coisa que haja nestes dois assuntos, o
Dep.º Marragon aparece e reaparece, como se fosse um disco voador. Já está por
aí o Dep.º Marragon. Pedindo uma CPI na Assembléia Legislativa. Iniciou-se o
plano do PT, tendo a frente, na Câmara, o Ver. José Gomes. E com ele vem a
Associação dos Cabos e Soldados que parece lhe obedecer. É o PT de batuta na
mão, conduzindo esta orquestra ridícula, e o Governador do Estado acreditando!
Tive que ir para a televisão e denunciar a novela
do PT.
Eles estão preparando a revisão constitucional. E a
única coisa que atrapalha o PT é o “Coronel”, por estas bandas, como eles
dizem, conhece as mazelas do PT, as manobras dos Petistas, os planos do Seu
Estado Maior. Venho à tribuna para denunciar e apontar ao povo gaúcho os
roteiros traçados pelo Estado Maior do PT. Eles baixam as ordens e os militares
cumprem como se fossem militando. Por isto eles se alcunham de militares.
Mas não podemos nos impressionar com o PT, Sr.
Presidente. O Governador do Estado é um homem inteligente, homem com recursos,
homem acostumado à comunicação social, como se impressionar com esta manobra do
PT que denuncio e que a Zero Hora, inadvertidamente, lhe deu cobertura
quando me afastava deste recinto e estava em Gramado. Quase voltei de
helicóptero para evitar repercussões na credulidade popular. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Inscreve-se para um Período de Liderança o Partido dos
Trabalhadores. Usará o tempo o Ver. José Gomes.
O SR. JOSÉ
GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na realidade, o Ver. Pedro Américo
Leal tenta criar uma cortina de fumaça, o que é praxe um ex-militar, como ele,
com o grau hierárquico que ele traz da caserna. Criar cortina de fumaça para
enganar a sociedade. Foi assim no regime militar, uma sucessão de cortinas, da
qual, ele, quando Chefe de Polícia, emitiu várias ordens, vários telegramas de
ordens de prisões de supostos subversivos. Ele, o nobre Ver. Pedro Américo
Leal, oriundo das casernas do Exército, acha que a mesma doutrina e a mesma
estrutura têm que ser aplicadas na área de segurança pública. Oh! Deus, tende
piedade do nobre Ver. Pedro Américo Leal, ele não sabe o que diz. Este
remanescente da ditadura, este instrutor de oficiais da Brigada Militar. Ele
também sabe que os oficiais que ensinaram esses soldados, neste dia, que não
era tropa especializada coisa nenhuma. Hoje esses soldados estão de
policiamento da rua, trabalhando no policiamento da nossa Cidade. Não é tropa
especializada coisa alguma Vereador.
Esse treinamento eu recebi em 1983, quando estava
na caserna, Vereador. Não só tomei sangue como fui pisoteado por um outro
companheiro.
Não esqueça Ver. Pedro Américo Leal, que quando
V.Ex.ª tenta tornar o nosso discurso uma chacota, V.Ex.ª está tentando, mais
uma vez, enganar as opiniões. Isto sim é corriqueiro na Brigada Militar. Os
oficiais estão perturbados porque não sabiam que alguém poderia entregar essa
fita para nós, estão sem explicações para a sociedade. Isso é praxe. Em 1991,
quando estava no quartel 11º DPM, eu assisti a cenas como essas, de uma turma
de novos soldados. Não venha dizer que não é corriqueiro nobre Ver. Pedro
Américo Leal. E que não é tática do PT, o qual o Ver. José Gomes como baluarte.
Nós ajudamos, sim, a escrever a emenda
constitucional que Hélio Bicudo está apresentando, e que já passou na Comissão
de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa.
O Sr. Pedro
Américo Leal (Aparte anti-regimental): Um perigo para a sociedade.
O SR. JOSÉ
GOMES: Não é perigo, é devolver o policial para a própria sociedade, porque
hoje, 35% desses homens são colocados na rua, enquanto que 65% fica
aquartelado, para receber esse tipo de treinamento.
Nós queremos é pagar os impostos e devolver o
policial para a rua, para combater a criminalidade.
O nobre Vereador sabe onde encontram-se esses 65%
de policiais militares que não estão na rua? É na casa militar, nas unidades de
apoio, que não fazem nada, ganham FGs, ganham ASs, e ficam atrás do birô. Têm
carro, motorista particular, ele sabe disso. É esse tipo de coisa que nós
queremos acabar. Enquanto que o soldado, aquele que vai para a segurança
pública, toma sangue de galinha e é obrigado a ficar horas e horas dentro de um
poço d’água, ouvindo lorotas sobre doenças venéreas.
O Sr. Pedro
Américo Leal (Aparte anti-regimental): V.Ex.ª está acusando o PDT.
O SR. JOSÉ
GOMES: Não estou acusando o PDT, nobre Vereador. Estou acusando a estrutura
da Brigada Militar, da qual o comandante supremo é o Governador. O Governador
não tem controle sobre os policiais militares. É um poder paralelo. Está claro.
O que fez o ilustre Governador do Estado no caso do relatório do Tribunal de
Contas? Nenhum dos oficiais foi para a cadeia. Onde estão esses oficiais? Onde
está o Comandante Geral que faz parte desse relatório do Tribunal de Contas.
O Sr. Pedro
Américo Leal (Aparte anti-regimental): V.Ex.ª está livre.
O SR. JOSÉ
GOMES: Estou livre, Vereador, porque o Juiz e a Lei entenderam que o que eu
fiz na época da Caserna era claro, era digno e era correto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença em Plenário do Ver. Jacir Jacinto Coelho do PDT.
Está com a palavra o Sr. Dilamar Machado.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Vou lembrar ao nobre Ver. José Gomes, sem assumir
com isso nenhum ar doutoral ou professoral, que na Antigüidade da Grécia, o
maior pintor foi Apeles. Indiscutivelmente um artista fantástico que entre
outros quadros inesquecíveis retratou Alexandre o Grande, depois de uma de suas
conquistas. E no momento em que esse quadro se tornava público, apareceu um
sapateiro, olhou o quadro e fez uma crítica ao sapato do Alexandre, isto é, as
sandálias do Imperador. Apeles ouviu humildemente a crítica que aquele
sapateiro fazia àquelas sandálias que não estavam de acordo com o que aquele
sapateiro fazia. Em seguida ele passou a criticar o restante do quadro. Aí o
Apeles sapateiro não passa do sapato.
O Ver. José Gomes foi soldado da Brigada Militar e foi excluído da unidade, por razões que não discutirei até porque desconheço e não tive interesse em conhecer. Isso é uma questão disciplinar da Brigada. O Vereador saiu da Brigada Militar e hoje ele está passando permanentemente das sandálias, até porque esquece que é Vereador de Porto Alegre e que deveria estar-se preocupando com os problemas da cidade de Porto Alegre, da Cidade em que vive, esquece dos eleitores que o trouxeram para a Câmara Municipal e o Vereador está fazendo atualmente denúncias medíocres. Ele está perdendo a sua consistência de Legislador do Município de Porto Alegre para cair em um caminho mesquinho. Se V.Ex.ª bebeu sangue de galinha quando era brigadiano, por que até hoje não falou? Veio falar hoje aqui na tribuna. Se isso é praxe na Brigada Militar, por que não falam antes? Se isto ocorreu há dois anos, agora é que recolhem um vídeo, esse negócio de vídeo e de gravação eu já conheço bem, Vereador, o tipo de ação e o tipo de pessoas que entram nesse caminho.
Eu quero dizer a V.Ex.ª que indiscutivelmente o Ver. José Gomes está se mediocrizando como Vereador, medíocre, mesquinho, rasteiro. Eu gostaria que V.Ex.ª trouxesse para esta Casa um plano de segurança pública, que eu iria apoiar, para Porto Alegre, com a participação inclusive da Prefeitura Municipal e do Partido ao qual V.Ex.ª pertence e que apenas joga para longe o problema, “não é problema nosso, é da Brigada”. V.Ex.ª vem a esta tribuna e repete as palavras da Rede Globo, do Augusto Nunes. O Augusto Nunes assinou na “Zero Hora” que a polícia do Brizola foi quem cometeu a chacina da Candelária e V.Ex.ª vem dizer que a Brigada Militar do Governador Collares é que dá sangue para os soldados. Ele é chefe e é chefe mesmo, tem responsabilidade, tem autoridade e não é medíocre como V.Ex.ª. Ele já determinou, imediatamente, a apuração dos fatos. Vereador, cale a boca e fique quieto, V. Exª é mal-educado, além de medíocre. V.Ex.ª deveria passar a utilizar o seu mandato de Vereador para tratar dos problemas de sua cidade, V.Ex.ª tinha que começar a cuidar de Porto Alegre, dos seus bairros, do seu transporte coletivo, do IPTU, do salário dos funcionários municipais. Eu, sinceramente, tinha esperança em V.Ex.ª. Eu lhe considerava uma figura interessante, eu acho importante um brigadiano, um policial militar chegar a Vereador de sua cidade, mas V.Ex.ª ainda não assumiu a posição de Vereador, V.Ex.ª é um Deputado frustrado e se V.Ex.ª continuar nesse caminho de mediocridade, quantos brigadianos estão com AIDS? São questões que V.Ex.ª levanta aqui e ao invés poderia levantar questões do tipo: quantas crianças estão passando fome nesta cidade, quantas milhares de famílias não têm onde morar, quantos operários vão a pé do seu modesto lar para a fábrica, porque não têm como pagar Cr$ 34,00, de passagem de ônibus. Eu nunca vi V.Ex.ª falar sobre o problema do transporte coletivo na Cidade; sobre a moradia popular; sobre a falta de obra do DEMHAB.
Então eu quero dizer a V.Ex.ª que esta questão, no
fundo, me entristece. Eu acho que esta é uma questão menor, extremamente
ridícula e vou terminar dizendo a V.Ex.ª, Ver. José Gomes, mais uma frase
histórica, sem parafrasear ninguém: “não adianta o macaco se vestir de seda,
ele continua macaco, mesmo com a seda”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Voltamos ao período da Explicação Pessoal, o próximo inscrito é
o Ver. Jocelin Azambuja.
O SR.
JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós utilizamos este
espaço para fazer um registro e agradecer ao Ver. Artur Zanella, pelas
Congratulações que foram apresentadas ao Conselho Sul-Americano de Comisiones e
Círculos de Pais e Mestres e aproveitar a oportunidade para relatar aos Srs.
Vereadores o 4° Encontro Internacional, realizado em 7 de agosto no Município
de Santa Rosa, que contou com a participação de colegas das entidades
semelhantes aos Círculos de Pais e Mestres do Brasil, que são as Comisiones de
Fomento do Uruguai e as Comisiones Cooperadoras da Argentina, do Paraguai e dos
demais países Sul-Americanos. Este encontro, que contou com a participação de
mais de mil delegados dos quatro países, teve realmente um processo
extremamente positivo de discussão das questões da educação. Vejam os senhores
que reunir pais em um sábado, sem qualquer patrocínio do poder público, sem
qualquer condição de vantagem pessoal, a não ser o ideal de se reunir para
discutir educação e o futuro de seus filhos, não é fácil. Esta integração
latino-americana realmente é um feito inédito. Tivemos mil e oito participantes
com inscrições pagas, que lá estiveram, durante todo o dia, debatendo as
questões de interesse comum da nossa América.
Dentro dos princípios do Conselho Sul-Americano em
que nós tivemos a honra de ser eleito Presidente, tendo na Vice-Presidência o
colega do Paraguai e na segunda Vice-Presidência o colega do Uruguai, nós temos
um marco importante que gostaríamos de registrar. Em 1989 foi criado o Conselho
Sul-Americano, no encontro em Uruguaiana.
Até 1989 não se falava Espanhol em Uruguaiana, nem
se falava Português em Libres. Não se falava Português em Bello Unión, no
Uruguai, nem se falava Espanhol em Santana do Livramento, Itaqui, ou qualquer
outra cidade da região da fronteira.
Lá, realizamos o primeiro encontro que resultou,
justamente, na criação do Conselho Sul-Americano. A primeira decisão daquele
bloco, que em um primeiro momento foi formado por pais do Brasil, da Argentina
e do Uruguai, foi no sentido de que nós defenderíamos a integração lingüística:
a implantação do Espanhol no Brasil, e da Língua Portuguesa nos demais países
de Língua Espanhola.
Pois, quinze dias antes da realização daquele
encontro, os Presidentes do Brasil, da Argentina e do Uruguai se reuniram, à
época, elaboraram dez acordos internacionais, todos na área econômica e nenhum
na área de educação.
Nós fizemos o primeiro Acordo Latino-Americano de
Educação, partindo da comunidade e em um efeito inédito, a partir daí, já em
1990, em Santana do Livramento, o Governo Municipal contratou 60 professores
uruguaios para ensinar os professores brasileiros. Hoje, todas as escolas, lá,
têm a Língua Espanhola.
No Uruguai, hoje, da mesma forma. Podemos ir nas
escolas da fronteira que antes os brasileiros, e muitos estudam nas escolas do
Uruguai e da Argentina, não tinham, aulas de Português. Hoje, eles têm aulas de
Português, e estão se aprofundando cada vez mais.
Agora, os governos assinaram um acordo, na Bahia,
que envolve o aprendizado das línguas. Mas tudo isso partiu daqui do Rio Grande
do Sul, partiu da vontade da comunidade escolar, partiu dos pais, dos
professores, dos estudantes.
Apesar desse nosso encontro em Santa Rosa não ter
merecido o reconhecimento da grande imprensa brasileira, apesar de lá estarem presentes
autoridades representando o Ministério da Educação do Uruguai e do Paraguai -
os brasileiros, lamentavelmente, não valorizam o que tem - nós estivemos lá,
dando um passo à frente. Faço o registro do encontro realizado na semana
passada sobre a educação no Mercosul, com a participação da CPM-Federação, do
Consuci, do CPERS-Sindicato, da CNTE, da ASERGS, e da Universidade Federal e
mais 20 entidades, inclusive, contamos com o apoio desta Casa. O Encontro foi
um verdadeiro sucesso. Tivemos representações do Ministério de Educação de
diversos países: Peru, Chile, Colômbia. E a nossa grande imprensa não disse
nada disso, nem a Secretaria de Educação do Estado esteve presente. Graças a
Deus que o Ministério de Educação do Brasil esteve. A questão da educação é tão
importante e tão controlada. Deve existir uma razão para esse controle
permanente dos meios de comunicação sobre o processo de educação e da
integração latino-americana. Querem a integração comercial, mas das
comunicações, não. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 11h50min.)
* * * * *